Novos 100 espanhóis e Deus

Mariano Artigas:

Comentando o livro de José Maria Gironella

“…os entrevistados que são cientistas ou estudaram ciência eles não vêem nenhuma oposição entre ciência e religião, e que, ao contrário, aqueles que pensam que a oposição existe são pessoas que, embora educadas, não se dedicaram à ciência. […] …entre pessoas com um impacto social importante, aqueles que têm maior relação com o mundo da ciência são geralmente aqueles que não vêem dificuldades para combinar ciência e religião.”.

“Pessoalmente, a conclusão parece lógica para mim: a era dos conflitos entre ciência e religião, quando alguns alegaram que a ciência se opõe à fé e inclusive iría destruí-la, pertence ao passado. Hoje em dia, ninguém que seja moderadamente informado terá essa opinião”.

Ao contrário da tese positivista, a religião não se baseia na ignorância humana, caso em que o progresso seria suficiente para deixá-lo fora do jogo. Questões religiosas são inscritas no coração humano e afetam suas aspirações mais fundamentais, que não podem ser resolvidas apenas pela ciência, e referem-se a experiências e reflexões que estão no campo apropriado da religião.

No campo da atual filosofia da ciência, a tese positivista parece simples demais e quase ninguém está disposto a defendê-la. No campo dos especialistas, o positivismo não merece crédito, e aceita-se que a ciência e a religião respondam a duas perspectivas diferentes, mas complementares.

Desacreditado, mas influente

No entanto, o positivismo não está morto. Nem muito menos. Talvez seja desacreditado como uma interpretação doutrinal, mas sua ideia básica influencia hoje mais do que nunca. Há poucos que consideram que as últimas perguntas não têm resposta e que apenas as ciências fornecem conhecimento objetivo. Ou nem mesmo as ciências.

O positivismo atual geralmente aparece sob o título de naturalismo. O naturalismo procura excluir Deus de qualquer explicação racional séria. E geralmente se concentra no estudo da pessoa humana, que é reduzida a suas dimensões material, físico-química e neuronal. Como um dos cientistas entrevistados aponta, o desafio maior que a religião deve enfrentar hoje em nome da ciência é aquela que é apresentada como endossada pela neurociência: alguns pretendem explicar tudo o que é humano, incluindo consciência e religião, através de a química do cérebro.

Texto extraído do artigo online: Em torno do livro-pesquisa de José María Gironella, “Nuevos 100 españoles y Dios”. Editorial Planeta. Barcelona, 1994.
Mariano Artigas Mayayo
(Zaragoza, 1938 – Pamplona, 2006)
Filósofo e sacerdote estronghol.
Doutor em filosofia, em física e em teologia.

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